segunda-feira, 31 de julho de 2006

Amor

Desde pequeno escutamos o mundo proferir a palavra "amor". Somos moldados a acreditar que o mundo é regido pelo amor, que as pessoas se relacionam por amor, que numa família todos os membros se amam incondicionalmente, que casamentos se selam por amor, enfim, que o amor é o caminho da felicidade.
O tempo passa e você descobre que tudo não passa de fantasia, de desejo, de utopia, pois na verdade, esse amor deveria ser o ideal, mas na prática as relações se estabelecem por outros prismas e outras conveniências.
O amor não consegue ser mais forte do que nada nesta vida. Nenhum amor resiste ao desemprego, falta de dinheiro, vaidades particulares, objetivos de vida, falta de sexo e qualquer coisa que seja contrária a vontade de uma das partes.
Se o amor fosse tão bonito, tão forte, tão poderoso, como poderia ser destruído por um simples capricho humano? Ou ainda, como poderia terminar por alguma futilidade qualquer?
Adoramos enaltecer este sentimento, mas quando deparamos com algo que pensamos ser "o amor", tendemos a fugir, tememos sofrer e preferimos a vida sem amor. Um grande paradoxo, afinal buscamos o amor e quando achamos que o encontramos, o rejeitamos.
Se sofremos a ausência de amor, por que não sofrer sentindo algo que julgamos ser maravilhoso?
Amamos até o momento em que somos contrariados no que estabelecemos para nossas vidas. Basta uma atitude oposta, para que coloquemos em dúvida o amor. Basta uma mera atração física externa, para duvidarmos de anos de cumplicidade. Basta uma traição, para uma enorme construção virar ruínas.
Se o amor é algo tão frágil quanto um fio de cabelo, para que eu vou buscar este sentimento? Somente para passar a vida "pisando em ovos"? Para acreditar em algo que é completamente frágil? Para idealizar uma forma de viver que, em última análise, não beneficia as duas partes? Não, eu não quero isso para mim. Quero a sinceridade da relação, seja ela qual for, mas que não seja a fantasia da existência de algum sentimento inexplicável, sublime e maravilhoso, que chamam de "amor".

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3 Comments:

Blogger Viviane said...

Demorei muito a falar sobre esse texto, porque...não sei...não sou muito boa com sentimentos.
Bom, eu penso que o amor faz parte das idealizações e desejos humanos. É um sonho, uma ilusão? Talvez. Mas não da pra viver sem sonhar.
Acho meio complicado negar um sentimento por conta das sacanagens que aprontam com a gente - e não me refiro à infidelidade, existem outras formas de se sacanear uma pessoa, coisas que magoam muito mais, como o egoísmo, incompreensão, desrespeito, falta de companheirismo e cumplicidade, falta de interesse. Penso que essas coisas acabam com qualquer relacionamento – que pra mim, é a parte real do amor, sua materialização, a parte prática e talvez a parte mais complicada, pq depende das pessoas, de sua vontade de levar algo a diante, de seus valores, suas convicções, do que elas esperam da vida. E as pessoas são complicadas, erram, acertam, são vaidosas, boas, más, imaturas, “incoerentes”.
Bom, trocando em miudos, não sei se o amor existe, mas sei que insistir em viver um modelo ideal, utopico é um erro. Agora, construir uma relação de afeto, baseada na cumplicidade, companheirismo, respeito, é possível. Basta estar aberto.

2:24 AM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Klaperrichiano
Não resisti em ler isso tudo e ficar quieta vc me conhece.
Cara, acho que o amor é aquele sentimento sublime que traz para a concessão a recompensa, que faz da falha uma oportunidade de crescimento do relacionamento.
Colocar as espectativas num outro também é complicado, por isso conhecer e entender as concessões e perdas que isso provoca também fazem parte deste todo que pressuponho seja Amor.
O Amor é querer perto e quando perto duvidar do que se quis antes. Descutir relação e trepar depois como se fosse um Ok em tudo que dizemos.
O Amor é por si paradoxal, dizem até que ele caminha lado a lado com o ódio e quanto a ser utópico, depende de como vc conceitua funcionalmente o que é Amor, para vc, claro, pq acho que cada um se relaciona com ele de uma forma diferente, e aí que está o barato!
Achar a combinação de o que vc está disposto a ganhar e perder frente a esses mesmos interesses de outrem. Não podemos esquecer também que além deste lado filosófico, há um cerco material que influencia e podemos até que em alguns casos é descisivo numa relação de Amor. Um amor e uma cabana, são lindos mas apenas no filme Lagoa Azul, mas como não sou a Brookie Shields, Projetos em comum e intereses parecidos são muito importantes.
É um grande complexo de pequenos aspectos sexo, afinidade, denovo concessão, paciencia, lealdade diferente de fidelidade.
Enfim acho o Amor cansativo, e egoísta. Mas creio que uma vez conquistada a solidez de uma relação baseada em diálogo e muita trepada, o tal do Amor é possível e bem melhor do que a Paixão que encendeia tudo em volta...e acaba sempre deixando cinzas quando vai embora, ou vira Amor e perde a graça.
Amor requer tudo de você e do outro, a Paixão requer que esse tudo venha todo do outro,cegamente por causa das projeções perfeitas que vivemos durante a Paixão que na prática efetivamente não importam para que busca AMAR.
Quero Amar, tentar Amar...se me apaixonar largo tudo, mas prefiro mil vezes aprender a Amar, proporciona amadurecimento, dor, perda, briga, mas tem também sua ternura e seu calor na medida em que erramos e temos que crescer para que ele seja cada vez mais quente, terno, companheiro, parceiro, a buscando sempre o paradoxo : ser uma só carne, como isto in facto é impossível me dedico e me contento a buscar que sejamos como peças de quebra cabeças ao menos, fico com a sensação de ser dois em um só, encaixando-me no meu Amor...

11:54 PM  
Anonymous Anônimo said...

Vamos ver se descobre quem foi...

11:55 PM  

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